O Design de Interiores e a qualidade de Vida - 16/11/2010 Por: Ricardo J. Botelho

Este artigo tem como objetivo oferecer argumentos para valorizar a contribuição do trabalho do Arquiteto e Designer de Interiores para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Se você julgar interessante envie para Clientes ou potenciais clientes do seu escritório.

O aspecto estético está sempre muito evidenciado quando o assunto é a contribuição do Design de Interiores para a vida das pessoas. Esse viés é reforçado pela cobertura das revistas e mostras de decoração que se fixam sempre nesse aspecto. Porém, compete ao Arquiteto/Designer de Interiores pensar o espaço do ponto de vista da Saúde e Funcionalidade, bem como, da Viabilidade e Otimização de Recursos que, junto com o Estético, integram os valores básicos de um projeto arquitetônico ou de interiores.

No campo da Saúde, cabe ao profissional projetar considerando o melhor desempenho em termos de acústica, conforto visual, ergonomia só para citar alguns dos fatores de qualidade de vida mais relevantes. Um bom projeto deve ainda ser elemento que contribua para a redução dos acidentes domésticos, responsáveis por um índice alarmante de atendimentos médicos em todo o país. 

Segundo o Dr. Dario Birolini, médico e professor titular de Cirurgia do Trauma na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que atua no pronto-socorro do Hospital das Clínicas (SP) e é diretor clínico do Hospital Sírio-Libanês (SP), os acidentes domésticos mais comuns são provocados pelas quedas causadas por superfícies mal projetadas e por erros de especificação de revestimentos, além de escadas concebidas de forma inadequada. Outra causa freqüente de acidente está na inadequação de mobiliário e elementos elétricos (que causam choques) também especificados equivocadamente.

Doenças como as relacionadas à coluna, tão comuns nos dias de hoje, têm origem em fatores ergonômicos nem sempre observados no projeto e na especificação. A cozinha é um dos ambientes que podem causar mais danos á coluna das donas de casa (ou das empregadas domésticas). Os fatores ergonômicos em uma cozinha desempenham um importante papel em relação às cargas corporais. O trabalho diário na cozinha é menos comparado a um passeio confortável do que a um esporte de alta competição, onde os trajetos percorridos são interrompidos por várias paradas, flexões, distensões e acelerações repetidas. Organizar esse fluxo de funções é um dos pontos mais importantes do projeto de interiores. Outro ponto-chave no planejamento de uma cozinha é a altura ideal da área de trabalho (tampo) em relação ao usuário. A seguinte regra geral deve ser seguida: quando os braços estiverem em angulo, a distância entre o cotovelo e a área de trabalho deve ser de 10 - 15 cm.

Outra área de grande preocupação do Design de Interiores é o conforto visual cada vez mais necessário já que as pessoas estão passando mais tempo em frente aos televisores, nem sempre obedecendo a regras mínimas para evitar danos irreparáveis no sistema ocular. Fabricantes de equipamentos indicam as distâncias entre a imagem projetada e o espectador que variam de acordo com o tamanho da tela ou telão, podendo ir de 0,90 cm para uma TV de 20 polegadas a 6 metros para telas de 100 polegadas. A distância mínima recomendada deve ser calculada multiplicando por 5 a altura da tela da TV (não considerar o gabinete). Exemplo: no caso de uma TV 29", com tela de cerca de 42cm de altura, a distância mínima recomendada é de 2,10 metros. Quanto à altura, a média ideal é a parte de baixo da tela ficar a 90 cm do piso.

No segmento corporativo, existem estudos que mostram que o projeto de interiores adequado aos espaços de trabalho pode aumentar a produtividade das empresas em até 20%. Nessa mesma linha, pesquisadores da Universidade Estadual do Michigan, nos EUA, mostram que o ganho atribuído a melhorias feitas na iluminação e ventilação do espaço reduziram as faltas assim como o estresse e sentimento de depressão. Asma e problemas respiratórios que normalmente afetam as pessoas em um escritório também sofreram drástica redução com a melhoria nesses aspectos. 

Uma discussão bastante atual nos projetos corporativos é a adoção ou não do sistema landscape que privilegia grandes espaços abertos e que se tornou uma realidade a partir dos anos 90, como forma de redução de custos de locação de área para os escritórios das grandes empresas. Estudos mais recentes indicam uma redução de produtividade em função da falta de privacidade e a conseqüente falta de concentração dos funcionários nesse tipo de projeto.

Em Consultórios médicos e Clínicas o projeto de interiores tem mudado conceitos há muito arraigados na concepção desses ambientes. Só para citar um exemplo, o branco que sempre reinou como elemento a mostrar a higiene como fator relevante na produção desses ambientes, agora convive com outros tons já que a nova tendência é humanizar esses espaços. Uma clínica recebe uma série de elementos visuais e táteis que se destinam a atenuar o sofrimento das pessoas que lá estão. Portanto, cabe ao design de interiores aproximar-se da psicologia e de forma conjunta colaborar para que o projeto tenha essa componente humanitária.

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