Corredor expresso de ônibus T5 vai desapropriar 3.630 imóveis

A Prefeitura do Rio divulgou ontem a lista de 3.630 imóveis que serão desapropriados para abrir caminho para o Corredor Transcarioca (ou T5). A relação publicada no Diário Oficial do Município, composta por casas e estabelecimentos comerciais, pegou de surpresa os proprietários. Na maioria dos casos, os imóveis terão que ser demolidos para garantir a construção da ligação exclusiva para ônibus entre a Barra da Tijuca e a Penha. A previsão é que sejam gastos R$ 300 milhões com o pagamento de indenizações.

Os proprietários dos imóveis que serão ‘atropelados’ pelo Corredor Transcarioca começam a ser notificados ainda hoje. Técnicos de uma empresa contratada pela prefeitura têm nove meses para fazer um levantamento topográfico de todas as regiões selecionadas. Eles também serão responsáveis pela avaliação dos imóveis, o que definirá o valor a ser pago por cada unidade.

Laudo técnico com as informações de cada imóvel será enviado à Procuradoria Geral do Município (PGM), que dará início ao processo de desapropriação. “Esse é o primeiro passo para tirar do papel este projeto tão importante para os cariocas, e que já está guardado na gaveta há mais de 30 anos”, destacou o secretário municipal de Obras, Luiz Antônio Guaraná, que já faz planos para novas desapropriações.

“Estaremos apresentando ainda este mês um novo projeto ao Ministério das Cidades, em Brasília, que prevê a ampliação do T5 até a Ilha do Governador”, antecipou o secretário. Neste caso, a construção do corredor exclusivo, orçado em R$ 730 milhões, saltará para R$ 1,2 bilhão, e deverá ser financiada pelo governo federal.

A intenção da Secretaria de Obras é lançar o edital de licitação do Transcarioca ainda esta semana. As obras, que devem começar em março, serão concluídas em três anos. Mas a previsão é que a ligação entre a Barra da Tijuca e Madureira fique pronta em apenas dois anos. Considerado o mais problemático do projeto, o trecho entre Madureira e a Penha concentra o maior número de imóveis a serem desapropriados.

Sócio de um bar há 11 anos no número 688 da Rua Cândido Benício, em Campinho, o pernambucano José Teixeira de Melo Neto, de 64 anos, ficou atordoado ao ser informado de que o estabelecimento irá ao chão para dar passagem ao corredor expresso. “É muito doloroso saber disso”, murmurou o comerciante, ontem, enquanto procurava no Diário Oficial o endereço do bar que ele abriu junto com a esposa.

“Ninguém da prefeitura me procurou para avisar nada. Todo o nosso capital está empregado aqui. Esta notícia me deixou muito preocupado”, confessou Teixeira, que não sabia como dar a notícia à mulher. “Nem sei como ela vai reagir a isso”, afirmou o comerciante.

Grandes projetos urbanos sempre fizeram parte das conversas entre vizinhos, mas normalmente eram encarados como boatos. A publicação no Diário Oficial dos endereços que serão riscados do mapa caiu como bomba para moradores e comerciantes, que agora têm uma certeza assustadora: as desapropriações são uma questão de tempo.
“Estou revoltada. Em fevereiro faz 39 anos que moro aqui e querem nos tirar para jogar onde? Em alguma favela?”, questiona Adeílda Augusta da Silva, 62, que mora numa vila no 474 da Rua Domingos Lopes, em Madureira. As 10 casas do lado par serão desapropriadas.

Não muito distante dali, no 682 da Cândido Benício, em Campinho, Adalberto Rodrigues, 24, se desespera ao pensar que investiu cerca de R$ 55 mil (R$ 30 mil emprestados) para abrir o seu hortifruti. A loja foi inaugurada quinta-feira passada: “Como será essa indenização? Estou preocupado”.

1 resposta aos "Corredor expresso de ônibus T5 vai desapropriar 3.630 imóveis"

Martin disse...

Não parece direito de construir casas usando corretores. Eu acho que teria que encontrar outras áreas para não afetar a sociedade. Espero que não usar a imoveis en ilha do governador porque estou pensando em mudar para lá.